Todo gestor precisa ser pelo menos um pouquinho visionário. Por isso, ao longo dos quase cinco anos do Portal Aceleralab, tentamos mostrar nossa visão de futuro duas vezes: em 2017, quando falamos em medicina preventiva e personalização do atendimento (confira aqui); e, no início de 2020, quando publicamos um estudo da OMS, que já citava até mesmo as pandemias (confira aqui).
Antever quais são os melhores caminhos do crescimento do seu estabelecimento de saúde, com base na dinâmica interativa entre economia, tecnologia, estilo de vida e hábitos de consumo, é um desafio constante. Nessa construção, informação nunca é demais, e aqui listamos alguns dos rumos identificados por nós do Portal Aceleralab sobre o mercado laboratorial.
Nosso texto se propõe a ser um suporte para novas discussões, sobre o que podemos esperar nos próximos anos. Queremos que você participe, dando a sua contribuição!
Lembramos que os tópicos aqui apresentados devem ser sempre adaptados à realidade de cada empreendimento.
Compartilhamento de espaços profissionais
Oferecer aos consumidores a possibilidade de consultar diversos serviços de saúde num espaço concentrado segue a lógica há muito aplicada ao desenvolvimento de shoppings e centros comerciais: menor tempo e esforço de deslocamento, somados à possibilidade de diversificação e colaboração entre os serviços. A colaboração, aliás, merece destaque pois resulta na personalização do atendimento. Localizados estrategicamente próximos a hospitais, por exemplo, laboratórios com este diferencial realmente oferecem um bônus, lembrando sempre de avaliar o custo-benefício desta localização.
Opções e oportunidades se multiplicam nas capitais e devem também chegar ao interior, pois a proposta deu certo. Em Porto Alegre, as unidades MedPlex, desenvolvidas pela construtora Cyrela, em vários pontos da cidade, abrigam prescritores da saúde de diversas áreas, com consultoria dos próprios profissionais da saúde no desenvolvimento do projeto. Assim, situar-se em complexos de especialidades de saúde torna o serviço muito mais atraente ao consumidor e aos prescritores, e agrega à marca do laboratório. É possível até mesmo convidá-los para conhecer as instalações do laboratório, e assim, apresentar os seus diferenciais.
No vídeo abaixo, publicado no Instagram do Aceleralab, a Dra. Gleide Santos, de Itamarandiba/MG, comenta a sua decisão de se tornar um núcleo de saúde centrado no laboratório.
Equipamentos compactos e/ou portáteis de ponta
O desenvolvimento de equipamentos de processamento e análise de fácil acondicionamento e transporte, acessíveis a laboratórios de médio e pequeno porte, é uma tendência que promove resultados muito mais rápidos e personalizados, devido ao envolvimento de menos agentes no processo, dispensando parceiros de apoio. Tudo acontece no âmbito do próprio laboratório e assim fica muito mais fácil otimizar todas essas etapas. Além disso, eles permitem eliminar requerimentos como o ambiente estéril da cleanroom, grandes áreas de trabalho e suas exigências de adequação ambiental.
É o tipo de upgrade oferecido, por exemplo, pelos sistemas da linha GeneXpert desenvolvidos pela Cepheid, cuja menor unidade, com dois módulos de processamento de exames, mede apenas 16 x 30 x 30 cm aproximadamente e funciona com tecnologia de cartuchos patenteada pela empresa. Segundo o fabricante, “ao automatizar procedimentos manuais altamente complexos e demorados, eles realizam testes genéticos sofisticados de doenças infecciosas ou de base genética”. Patologias críticas como tuberculose e influenza, fatores genéticos, oncologia e modalidades da saúde da mulher, entre outras, estão incluídas no portfólio do equipamento, e se o laboratório tiver uma demanda maior, pode optar por versões igualmente compactas com quatro e dezesseis módulos.
A tendência compacta traz alguns desafios pelos possíveis novos entrantes no mercado, porém a próxima tendência traz o grande diferencial do laboratório.
Excelência dos Responsáveis Técnicos
Atualmente, a figura do responsável técnico ganha visibilidade e equivale praticamente a um complemento ao nome do estabelecimento laboratorial. De nada adiantam equipamentos de última geração sem a valorização de pessoal altamente qualificado para validar essas análises. A responsabilidade técnica, um fator de credibilidade e mesmo de longevidade para o empreendimento na área de análise clínicas, faz parte do elenco de investimentos no futuro tanto quanto a estrutura física, e a seleção qualificada deve constar como prioridade.
O responsável técnico é a autoridade máxima que credencia aquele, por assim dizer, produto final do laboratório – o laudo – mas merece especial atenção o treinamento qualificado de todos os demais profissionais. Nunca é demais lembrar que o segmento de análises clínicas trabalha com a manutenção do bem mais precioso de seus clientes – sua própria saúde e a dos seus entes queridos – e uma visita ao laboratório envolve sempre níveis variáveis de ansiedade. Boa logística, e principalmente um minucioso controle que barre ao máximo qualquer possibilidade da ocorrência de erros pré-analíticos, são também um diferencial.
Autotestes: um avanço com ressalvas
E por falar em erros pré-analíticos, a polêmica em torno dos autotestes para COVID-19 evidenciou os prós e contras dessa modalidade, já relativamente conhecida do público principalmente por conta de testes de gravidez e controle da diabetes. O fato é que estamos lidando com questões cruciais demais para serem deixadas ao sabor de algum deslize.
E os próprios usuários sabem disso, pois embora recorram a testes menos eficientes num primeiro momento como forma de amenizar a ansiedade, em geral buscam uma “segunda opinião” sobre o resultado, dessa vez realizado no espaço qualificado e garantido do laboratório. “Fui procurado por uma brasileira residente em Portugal a quem já conhecia de outra ocasião, quando ela veio fazer um PCR”, lembra o Dr. João Paulo Stringhetta, responsável técnico do Labcentro de Ivinhema, MS. “Este ano ela veio ao Brasil novamente e acabou aplicando um autoteste comprado em Portugal. Só que não conseguiu interpretar a leitura no cromatográfico e acabou me pedindo ajuda, mandando uma foto questionando o resultado”, conta ele. “No final, acabou vindo ao laboratório para fazer outro teste, que confirmou um negativo”.
No caso específico da COVID-19, vale ressaltar também que a liberação dos autotestes acarreta inúmeras possibilidades de falha no percurso. Manuseio incorreto do kit gera resultados falseados – tanto no sentido de um falso negativo que colocará em risco não só o paciente como seus próximos, quanto um falso positivo produzido intencionalmente com o objetivo de manipular desonestamente a informação. Sim, parece incrível, mas há relatos na rede que dão conta de “jeitinhos” para falsear os testes. Por fim, mas não menos importante, a disseminação dos autotestes poderá ter um impacto bastante negativo nas notificações da doença, tão essenciais ao controle e combate da pandemia.
Presença ativa e interativa nas redes virtuais
Se há momentos em que o contato pessoal é indispensável e adiciona um toque de empatia ao atendimento, também é verdade que a recepção digital, turbinada pela pandemia, veio para ficar. Whatsapp, Facebook e Instagram deixam de ser facilidades adicionais e passam a funcionar como mediação preferencial entre o público e o laboratório.
A maioria dos portais já direciona clientes para o atendimento de chatbots - os atendentes virtuais - o que agiliza tremendamente todos aqueles procedimentos de tomada de informações que antes sequestravam a produtividade e entediavam o cliente, ele também interessado em se desembaraçar da forma mais rápida e objetiva possível das formalidades pré-exame. E estas vão desde informações sobre o portfólio de testes e horários de coleta até agendamento e preparações requeridas.
Plataformas desenvolvidas especificamente para esse tipo de atendimento, ao contrário do que se poderia pensar, não são um produto gourmet destinado apenas a grandes corporações, sendo o sistema ChatBot, da Uniware, acessível a pequenos e médios empreendimentos que desejem permanecer competitivos.
E se a popularização do uso de redes sociais como Face e Insta pudesse levantar reservas no passado, devido ao caráter de seriedade e credibilidade que se deseja imprimir aos atendimentos da área da saúde, hoje isso tudo já caiu por terra com a massiva utilização desses meios como canais de comunicação mais do que válidos entre laboratório e público.
A pressão por facilidade, versatilidade e mesmo inclusão - na medida em que quase todo mundo dispõe de pelo menos algum meio de acesso digital - foi decisiva e consolidou o novo modelo, e transformou as redes sociais em um ponto de informação sobre os serviços de saúde..
Tratamento correto de dados
Com o crescimento das chamadas "migalhas digitais", que são rastros de informação que deixamos em sites, aplicativos e até mesmo em locais físicos, o debate sobre o armazenamento das informações de clientes vem modificando uma série de comportamentos para a adequação à Lei Geral de Proteção de Dados. O assunto vem sendo amplamente debatido, e em 2021 chegou o término do prazo para adequação à sua implementação. Em um futuro próximo, no entanto, poderemos ver as sanções e jurisprudências em relação ao mau tratamento de dados em estabelecimentos de saúde.
Este assunto não termina aqui!
Muito ainda há para refletir e projetar a respeito das tendências para o futuro dos laboratórios de análises clínicas, e essa discussão deve se estender por vários espaços e plataformas.
Queremos iniciar hoje o debate sobre o Futuro dos Laboratórios, pois este assunto está longe de chegar a um consenso. Deixe sua opinião nos nossos comentários e vamos debater sobre o assunto!
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