Em tempos de pandemia, tomar medidas que garantam a prevenção, a minimização ou a eliminação de riscos à saúde é fundamental!
Por décadas, as normas relativas à biossegurança foram totalmente negligenciadas, mas, com o surto do coronavírus, medidas básicas estão sendo reconsideradas, principalmente no que diz respeito aos cuidados necessários para prevenção, minimização ou eliminação de qualquer risco ao profissional da saúde e/ou paciente.
A negligência nos centros de saúde
Quando se trata de biossegurança, é impossível não falar da importância dos EPIs durante o atendimento ao paciente, especialmente em tempos de pandemia. No entanto, ações negligentes são cada vez mais frequentes entre os profissionais da saúde. Entre tais ações, podemos citar o uso de adornos e jalecos rendados, além do uso indiscriminado de celular contaminado em áreas que requerem extremo cuidado, como é o caso dos centros cirúrgicos.
Entre as práticas de negligência, não podemos deixar de mencionar o descarte incorreto de materiais perfurocortantes, que são os elementos mais perigosos da área da saúde. Todo gestor que leva a biossegurança a sério descarta perfurocortantes em depósitos rígidos, de modo a evitar qualquer risco às pessoas que têm contato com esse tipo de material.
Em tempos de pandemia, as medidas de biossegurança são nossa maior aliada!
Muitas vezes, aqueles que tomam as devidas medidas de biossegurança tendem a sofrer discriminação, sendo ridicularizados por seus colegas de setor. Com isso, apesar de desejarem seguir às normas para garantir a segurança da população, a maioria dos gestores se sente intimidado. Mas a verdade é que eles nunca estiveram tão certos!
Ironicamente, o país e o mundo estão passando por uma crise que, para ser enfrentada, precisa ter a biossegurança como aliada. Porém, como essa medida não é uma prática de muitas empresas, grande parte delas está tendo que correr atrás do prejuízo. Por isso, para auxiliar os laboratórios a adotarem medidas de biossegurança, que são importantes para lidar com o momento atual, separamos algumas dicas do prof. Dr. Jorge Luiz, o Dr. Biossegurança. Confira!
Dicas de biossegurança para combater o coronavírus
Não use adornos: durante o atendimento a um paciente, remova anéis, alianças, pulseiras e afins. Esses acessórios abrigam sujeiras, assim como o vírus.
Higienize frequentemente as mãos: o CDC recomenda lavar as mãos, com água e sabão, umas 100 vezes, em um turno de 12h de trabalho; isso na área da saúde. Para inviabilizar a ação do vírus, recomenda-se ainda o uso de álcool em gel 70% (pode ser entre 62 e 71%) para as mãos, e de álcool líquido, para superfícies.
ATENÇÃO: ao passar álcool em gel ou líquido, é preciso fazer uma leve fricção. Caso contrário, a desinfecção não ocorrerá corretamente, e o vírus permanecerá ativo.
Sobre as máscaras
Máscara cirúrgica (descartável)
Nem todo mundo sabe, mas há um jeito certo de colocar a máscara cirúrgica. A marca da máscara deve ficar para frente, com a “sanfoninha” virada para baixo (se as saliências da sanfoninha ficarem para cima, algumas partículas podem se acumular). Já os tirantes (cordinhas) da máscara devem ficar paralelos. Nunca tente “cruzá-los”, pois isso pode abrir uma passagem de ar nas laterais da máscara.
Na hora de retirar a máscara, faça isso pelas cordinhas. Nunca tire a proteção tocando na face, pois ela possivelmente estará contaminada.
ATENÇÃO: o profissional de saúde, do sexo masculino, que for trabalhar durante a pandemia, deve remover a barba, caso a tenha. As máscaras, de qualquer tipo, não se ajustam ao rosto se a pele não estiver lisa.
Máscara de pano (reutilizável)
Ao optar pela máscara de pano, é necessário entender sobre a porosidade, ou seja, os “buraquinhos” do material. Em alguns tecidos, o espaço entre as fibras é maior que 100 micrômetros, medida esta que é muito maior que o tamanho do vírus; um vírus mede em torno de 0,2 micrômetros, e a gotícula que o carrega tem 12 micrômetros, segundo o Dr. Jorge Luiz.
Em máscaras de TNT, a porosidade é muito grande, por isso, só devem ser utilizadas por pessoas que já estão doentes, para minimizar a disseminação do vírus.
Nos casos em que há escassez total de máscaras, o uso da máscara de pano é uma alternativa, mas ainda há uma discussão sobre sua eficácia (confira aqui) . Se a sua confecção for considerada no combate ao coronavírus, o ideal é que ela seja feita com tecidos mais “estruturados” e duplos, de preferência.
Sobre os cuidados com as luvas
A luva é um dos mais importantes equipamentos de proteção individual. Por isso, ao usá-la, é importante tomar os seguintes cuidados:
- Lavar as mãos antes de colocar as luvas.
- Não tocar superfícies, como maçanetas, mesas e portas, quando estiver com as luvas.
- Ter cuidado para não tocar a pele com as luvas ao retirá-las (normalmente, as pessoas tocam no punho para retirar a segunda luva).
- Não usar duas luvas para aumentar sua eficácia, pois o atrito entre elas pode causar rasgos, inviabilizando sua proteção.
Sobre o uso do jaleco
Assim como as luvas, o uso de jalecos requer alguns cuidados. São eles:
- O jaleco não pode ser rendado, pois seu material impede uma desinfecção adequada.
- Use sempre o jaleco abotoado; de cima a baixo.
- Opte por um jaleco branco, pois a cor permite sua desinfecção com água sanitária ou cloro (produtos mais eficientes na desinfecção).
A equipe do portal Aceleralab espera ter contribuído, mais uma vez, com o setor laboratorial, trazendo essas dicas importantes de biossegurança. Não deixe de compartilhar a pauta com seus colegas da área. Afinal, no atual cenário, a informação é nossa principal defesa!
Essa pauta foi escrita como auxílio e referências do prof. Dr. Jorge Luiz, o Dr. Biossegurança, palestrante e consultor em Biossegurança. Biólogo, Mestre em patologia, Doutor em biotecnologia (UFPE) e autor de artigos e capítulos de livro sobre biossegurança.
Auditor em Biossegurança pela ANBio
Instagram: @dr.biosseguranca.
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