
Vivemos um período de intensas transformações, tanto na sociedade em geral como no universo profissional. As mudanças ocorrem em ritmo acelerado, impulsionadas pela vertiginosa evolução tecnológica e pela globalização. E essas mudanças podem trazer incerteza e volatilidade, gerando ansiedade em relação ao futuro de nossas carreiras e vidas pessoais. Esse tempo, caracterizado por rupturas que desafiam paradigmas tradicionais, pode ser descrito como mundo RUPT.
RUPT é um acrônimo formado pelas palavras Rapid, Unpredictable, Paradoxical e Tangled, significando um momento marcado pela velocidade dos eventos, sua imprevisibilidade, multiplicidade de conexões e contradições. O conceito foi criado pelo analista estratégico indiano Raghu Raman, a partir da necessidade de traçar um limite entre o período que vivemos e os anteriores. Sim, porque o mundo nem sempre foi RUPT.
A partir do final dos anos 1980, marcado pelo fim da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, predominava o mundo VUCA (Volatile, Uncertain, Complex, Ambiguous), caracterizado pela volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. O termo VUCA surgiu no Army War College (EUA), e foi utilizado em publicações inicialmente pelo analista econômico Herbert F. Barber. Já naquele momento, as organizações e indivíduos precisavam, como agora, se adaptar constantemente para sobreviver e prosperar.
Tudo mudou novamente com a chegada da pandemia, instaurando-se o mundo BANI (Brittle, Anxious, Non-linear, Incomprehensible), enfatizando um clima geral de ansiedade e fragilidade tanto das pessoas como das organizações, e impondo a importância da agilidade, flexibilidade e resiliência para navegar nesse universo em constante mudança. O conceito foi criado em 2018 pelo antropólogo norte-americano Jamais Cascio, e serviu para descrever o que acontecia até a recente instauração do mundo RUPT, pós-pandemia, um mundo onde tudo acontece com todos ao mesmo tempo, em meio ao emaranhado desta aldeia global.

Diante de tantos desafios, o desenvolvimento das soft skills torna-se fundamental, para que seja possível se adaptar, inovar e prosperar em meio a um cenário dinâmico e desafiador. Mas o que são elas?
Soft skills, ou competências comportamentais, são um conjunto de habilidades, conhecimentos e atitudes que desempenham papel fundamental no sucesso tanto dos indivíduos que as possuem como das empresas nas quais atuam, e são especialmente relevantes num espaço como o laboratório de análises clínicas. Isso porque o desenvolvimento dessas habilidades é fundamental para promover uma cultura de colaboração, comunicação eficaz, resolução de conflitos, foco e conexão. E no contexto de um laboratório de análises clínicas, onde precisão e eficiência são essenciais, mas sem esquecer do exercício cotidiano da empatia, o desenvolvimento das soft skills nos profissionais é fundamental para a promoção da qualidade dos serviços prestados.
Além disso, as soft skills são fundamentais também para tornar um ambiente de trabalho saudável e produtivo. A empatia, por exemplo, é essencial para o tratamento compassivo dos pacientes e para o apoio mútuo entre o time. Pacientes que se sentem bem atendidos e compreendidos pelos profissionais do laboratório têm mais probabilidade de retornar e recomendar seus serviços para outros. Já a capacidade de trabalhar em equipe, por outro lado, é necessária para otimizar processos e garantir que todos os membros do laboratório estejam colaborando de forma eficaz. Assim, investir no desenvolvimento das soft skills nas equipes dos laboratórios não só melhora a atmosfera de trabalho, mas também contribui para a satisfação dos clientes.
Algumas das principais habilidades comportamentais que são especialmente relevantes neste momento incluem:
● Adaptabilidade: a capacidade de se ajustar rapidamente às mudanças e abraçar novas situações com flexibilidade e resiliência.
● Inteligência Emocional: compreender e gerenciar as próprias emoções, bem como as emoções dos outros, mantendo relacionamentos eficazes e lidando com conflitos de forma construtiva.
● Pensamento Crítico: capacidade de analisar informações de forma objetiva e avaliar criticamente situações complexas para tomar decisões informadas.
● Resolução de Problemas: habilidade para identificar, analisar e resolver problemas de forma eficaz, muitas vezes pensando fora da caixa, e buscando soluções inovadoras.
● Comunicação Efetiva: capacidade de expressar ideias de forma clara, concisa e persuasiva, além de ouvir ativamente e colaborar efetivamente com os outros.
● Trabalho em Equipe: colaborar de forma eficaz com o grupo, demonstrando empatia, respeito mútuo e habilidades de liderança quando necessário.
● Criatividade e Inovação: capacidade de pensar de forma criativa e gerar novas ideias, além de estar aberto a abordagens inovadoras e soluções não convencionais.
Seja num mundo VUCA, BANI ou RUPT, onde as capacidades de se adaptar, inovar e colaborar se tornam cada vez mais valiosas, estas são habilidades essenciais. Portanto, seria uma pena não investir no desenvolvimento dessas competências, que podem ajudar indivíduos e organizações a enfrentarem os desafios e aproveitarem as oportunidades em um mundo de constantes mudanças. Olhe em torno, conheça sua equipe, identifique potenciais, e mãos à obra para conquistar este mundo novo, seja ele qual for!
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Dra. Marina Campos
Formação em Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Humano
Autora do livro "É Possível? Cultive a vida em Alta Performance"
Biomédica - UMC - Mestre e Doutora em Análises Clínicas - USP
Professora da Universidade de Mogi da Cuzes - UMC
Sócia do Sancet Medicina
Instrutora do Programa de Desenvolvimento Humano Baseado em Mindfulness
Pós-Graduada - Neurociência, Psicologia Positiva e Mindfulness - PUC/PR
Pós-Graduada - Gestão Emocional nas Organizações - Cultivating Emocional Balance - CEB - Ensino Einstein
Um trabalho e uma excelente explicação... Hoje nosso mundo, é rodeado por essas faltas de soft skills... Parabéns