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Empatia pelo paciente com Câncer | Entrevista com a Psicóloga Aline Barrada

  • Foto do escritor: Alexandre Jordana
    Alexandre Jordana
  • 20 de ago. de 2019
  • 3 min de leitura

Por conceito técnico, Câncer é o conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo. Mas para uma pessoa que recebe esse diagnóstico, câncer pode significar dor, impotência, culpa, arrependimento, o fim, morte. Porém, tudo isso pode ser revertido em sentimentos positivos se o paciente souber aproveitar bem os incentivos que receber e para isso, escolher bem o que dizer pode ser não somente uma feliz escolha de palavras a serem ditas, mas também um sopro de esperança na vida de uma pessoa querida.

A psicóloga Aline Barrada explica as nuances de como o comportamento das pessoas ao redor do paciente com câncer influenciam no seu tratamento em busca da cura e qualidade de vida.

Confira:

O que geralmente uma pessoa escuta quando é diagnosticada com câncer?

Aline: A palavra câncer, geralmente, evoca uma série de memórias a respeito de tudo que se ouviu falar sobre a doença ao longo dos anos: a carga cultural e histórica da doença, o sofrimento que ela causa, experiências pessoais, dentre outras tantas significações. Receber o diagnóstico dessa doença causa certa “reviravolta” na vida da pessoa acometida e a partir desse momento inicia-se uma nova etapa. Os tratamentos, muitas vezes agressivos, remetem a sofrimento, mutilação e geralmente vem acompanhados alterações na rotina, na autoimagem, na sexualidade, no âmbito social, enfim em todas as esferas da vida.

Quais os dizeres que devemos evitar falar a uma pessoa diagnosticada com câncer?

Aline: Entendendo o sujeito em sua dimensão holística, sabemos que o que acontece no corpo afeta o psicológico e essas duas dimensões sofrem influência do social e também do espiritual. Por isso, não é incomum pacientes com câncer passarem por episódios de depressão, ansiedade, etc. Exatamente pelo impacto da doença e essa nova forma de vida, os pacientes podem experimentar um misto de sentimentos e ficarem mais sensíveis ao que acontece ao seu redor. Penso que não existe uma regra a respeito do que se deve ou não dizer aos pacientes, porém sempre, dever haver o cuidado, não só com as palavras, mas com gestos e postura. Nesses momentos, cabe um exercício de empatia, de se colocar no lugar do outro com o olhar do outro, e refletir: se fosse eu, o que eu não gostaria de ouvir?

Nem sempre é fácil se colocar no lugar da pessoa. O que fazer então?

Aline: O tratamento por si só vem acompanhado de grandes desafios. Existem dias difíceis em que pode haver questionamentos, raiva, revolta, tristeza, tais momentos precisam ser vivenciados pela pessoa, para que possa elaborar um sentido para a doença e desenvolver estratégias para enfrentá-la.

Mesmo os pacientes que demonstram bom enfrentamento da doença, revelam que frequentemente passam por situações onde ouvem comentários ou perguntas importunas como: “Seu cabelo caiu né? Que pena, era tão bonito”, “Meu avô morreu disso”, “Nossa como você emagreceu/engordou”, dentre tantos exemplos.

Por que tais expressões devem ser evitadas?

Aline: Lutar contra o câncer exige do paciente uma participação bastante ativa no tratamento, com isso, toda sua energia está voltada para a tentativa de cura. Portanto, o que ele menos precisa é de alguém que o “puxe para baixo”.

De que forma podemos demonstrar apoio ao paciente com câncer sem ofendê-lo?

Aline: Existe uma frase que nos ajuda a pensar sobre isso: “O melhor remédio é o amor, se não funcionar, aumente a dose” Toda pessoa merece ser tratada com respeito, dignidade e amor, essa é a ética da vida, mesmo os casos mais graves precisam desse cuidado. É importante pensar que ela é uma pessoa, e não a doença, que ocupa diversos papéis sociais (mãe, avô, professor, filha, ministro da igreja, etc). A empatia, já citada acima, se faz necessária para estabelecer o limite de até onde ir, levando em conta o seu lugar diante da pessoa acometida. Muitas vezes, oferecer escuta digna, um sorriso, um abraço, um simples bom dia, surte mais efeito do que palavras soltas.

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Aline Barrada concedeu esta entrevista ao Hospital Evangélico Cachoeiro de Itapemirim em Janeiro de 2017, época em que era residente no Programa de Residência Multiprofissional. A Assessoria do Hospital gentilmente cedeu seu conteúdo, que pode ser conferido originalmente aqui.


 
 
 

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