Dados do IBGE apontam que a população acima dos 60 anos triplicou nos últimos 50 anos no Brasil. Cerca de 14% das mulheres estão acima dos 60 anos, e a faixa dos acima de 80 anos é a que mais cresce no país. Isso se deve aos avanços da medicina e à melhora das condições sanitárias, reproduzindo um fenômeno que é mundial. E no bojo desse fenômeno, vem o reconhecimento dos mais idosos como uma categoria ativa, que produz, consome, ocupa espaços e não deve tolerar mais manifestações de etarismo.
Mas o que é “etarismo”?
Uma boa forma de entendê-lo é analisando um recente vídeo que ganhou notoriedade na mídia. Alunas do curso de Biomedicina da Universidade Unisagrado, de Bauru (SP), divulgaram em rede social (confira aqui) comentários desrespeitosos a uma colega de 44 anos, recém ingressada naquela faculdade, afirmando que ela deveria ser “desmatriculada”, e que com essa idade “deveria estar aposentada”. A crença de que pessoas podem ser discriminadas, ridicularizadas e sofrer tratamento generalizante por conta da sua idade é o que caracteriza o preconceito etarista. E é significativo que o palco desse episódio tenha sido justamente um curso da área da saúde.
É fato que a utilização dos sistemas de saúde é maior por parte do segmento mais idoso da sociedade, e todos os profissionais da área devem estar preparados para recebê-los, desconstruindo o que restar de pensamento discriminatório. Não é tarefa fácil, pois o etarismo é “prevalente, não reconhecido, desafiador e tem consequências de longo alcance para nossas economias e sociedades”, como disse Maria-Francesca Spatolisano, secretária-geral adjunta da ONU. Para derrotá-lo, é preciso entendê-lo. E isso precisa acontecer também no contexto do laboratório. Aqui estão algumas dicas para ajudá-lo a prevenir o etarismo em seu espaço de trabalho:
Comece conscientizando a equipe sobre o assunto
Este primeiro passo vai facilitar todos os seguintes. É importante que a equipe compreenda o problema do etarismo e como ele pode afetar o atendimento. Uma boa ideia seria introduzir o tópico durante uma reunião de rotina, ou num procedimento de treinamento, ou mesmo produzir um breve material e distribuí-lo para o pessoal. Convidar a assistir o vídeo acima mencionado e produzir um rápido debate sobre ele também seria uma boa ideia. É preciso deixar claro que o etarismo é um comportamento discriminatório tão condenável quanto o sexismo ou o racismo. O etarismo pode ter um impacto significativo no bem-estar emocional das pessoas mais idosas, levando a sentimentos de isolamento, baixa autoestima e depressão.
Não faça suposições baseadas na idade - evite estereótipos!
Não é certo supor que todos os pacientes mais velhos tenham os mesmos problemas de saúde ou que eles sejam incapazes de lidar com sua condição. Idosos têm diferentes graus de necessidade, assim como têm diferentes preferências, opiniões e convicções. Ser idoso não pressupõe necessariamente, também, que alguém tem sua capacidade cognitiva reduzida. Às vezes, a ajuda é oferecida com a melhor das intenções, mas é preciso refinar o feeling para perceber se aquela pessoa realmente necessita que você fale num tom mais alto, preste ajuda para utilizar recursos digitais - como imprimir uma senha de atendimento - ou explique mais detalhadamente a preparação do exame, por exemplo. Para se ter uma ideia, atualmente, muitas pessoas acima dos 50 anos nem se sentem confortáveis sendo chamadas de “senhor” e “senhora”, pois consideram essa diferenciação discriminatória, em lugar de respeitosa, como costumava ser. Novamente, é preciso usar de feeling.
Comunique-se de maneira clara, mas sem infantilização
A comunicação é essencial em qualquer ambiente de saúde, e deve ser clara e respeitosa, sem impaciência nem desatenção, com relação a todos os pacientes, não apenas aos idosos. Se o cliente idoso chegar acompanhado de um parente ou cuidador, não fale com esses acompanhantes a respeito dele como se ele não estivesse ali, tente incluí-lo na conversa na medida do possível, pois não é regra que um paciente, por mais idoso, não seja capaz de compreender e comunicar suas necessidades. Evite, sob qualquer circunstância, infantilizá-lo ou tomar intimidade invasiva para com ele. No laboratório, o paciente idoso deve ser tratado com o mesmo profissionalismo e cordialidade que qualquer outro paciente.
Fique alerta contra o etarismo também nas redes sociais
Não é só no atendimento presencial ou direto online que é preciso estar atento para não incorrer em condutas etaristas, que podem, além do mais, resultar no temido “cancelamento”. Nas redes sociais como Facebook, Instagram e Twiter, nos textos e imagens disponibilizados em seus materiais impressos de divulgação e no site, todo esse acervo de comunicação que representa seu laboratório perante o público deve passar pelo crivo do anti-etarismo, detectando os mesmo problemas descritos acima. Na atualidade, por exemplo, mulheres idosas estão reivindicando seu direito de seguir trabalhando, de manter uma vida romântica e sexual, de praticar esportes mais dinâmicos que a caminhada, e podem não se identificar com a figura de uma senhora de cabelos brancos cozinhando ou cuidando dos netos.
Nas últimas décadas a sociedade vem evoluindo vertiginosamente para novos hábitos e costumes, condicionados por novos valores, que buscam incluir a todos numa atmosfera de respeito e gentileza. Às vezes, essas mudanças parecem estar acontecendo mais rápido do que conseguimos assimilá-las. Por isso é tão importante contar com a assessoria correta quando se trata de um assunto tão importante como seu relacionamento com seus clientes, e com a comunidade como um todo.
Conte com a Acelera Marketing para auxiliá-lo nesse processo, seja na elaboração de suas comunicações e divulgações, seja na construção de sua imagem ou na reciclagem da sua equipe de atendimento. E até a próxima!
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